Falar de direitos autorais na China é algo complicado. Pelo que percebo conversando com os fabricantes, existem as leis (assim como no Brasil), mas elas não são cumpridas à risca (assim como no Brasil). Não quero comparar Brasil e China neste caso, mas lá a falsificação, em minha opinião, tem escalas bem mais largas que no Brasil.
O lado bom é que percebo, desde minha primeira viagem para a China em 2004, uma melhora significativa no cuidado por não piratear produtos. É claro que existem fábricas sérias e que não adotam essa prática. Sim, existem, e são muitas. Mas mais ainda são as que não pensam que devam respeitar os direitos autorais. Nas fábricas mais sérias, percebo que eles protegem o design e segredos industriais de seus clientes para os concorrentes de mesmo mercado, e as vezes de mercados diferentes. Mas essa é uma norma interna da própria empresa, provavelmente pressionada pelo departamento de marketing a não ceder as informações sob pena de perder o cliente.
Contudo isso é exceção. Quando eu disse “empresa séria” eu me referi aos seus dirigentes e não ao seu porte, pois vi também grandes empresas sem respeito algum com a propriedade intelectual e de marcas de seus clientes.
Quando assunto é compra e venda no atacado, a situação parece cômica para nós que vivemos no Brasil. Simplesmente não há pudor nenhum. Os chineses fazem produtos com a logomarca que o cliente pedir. Se quiser fazer um sapato com a marca Mercedes Benz ou uma bolsa feminina com a marca da Pepsi eles fazem. Ao perguntar se não havia problemas para fazer isso eles dizem que o governo não permite mas é possível fazer mesmo assim.
Não faço desse texto uma apologia a essa prática, mas sim uma crítica. O que quero é compartilhar aquilo que é uma mercado desleal com todos aqueles que trabalham no desenvolvimento e criação de novos produtos. Invertendo a pirâmide e colocando um pouco de pimenta nesse pensamento, digo que se não houvesse comprador, jamais haveria fabricante.