O aumento dos custos do frete para importar da China para o Brasil tem tirado o sono de muitos importadores. Mas também de todos que dependem do comércio exterior para sobreviver.
Na pandemia, o comércio ficou desaquecido. Muitos países como a China diminuíram o ritmo de exportações e da produção industrial. O resultado disso é falta de produtos e insumos em diversas partes do mundo.
Entretanto, o desenvolvimento da vacina e das medidas de proteção trouxeram um novo folego para o comércio mundial.
O problema é que a intensidade da recuperação foi maior do que o esperado. Ou seja, elevando a demanda por contêineres e espaços nos navios.
Mas, também impactando nos prazos médios de importação de produtos em portos de todo mundo. Esse quadro é ainda mais preocupante na China, o maior exportador de produtos manufaturados do mundo.
Prazos Para Importar da China para o Brasil
Um dos resultados desse cenário é a dificuldade para embarcar as cargas e produtos da China para o Brasil.
Como isso acontece? Por exemplo, assim que o fornecedor termina a produção das mercadorias, esses produtos vão para o armazém.
No contêiner completo, a unidade segue para o endereço do fornecedor onde é carregada. Por outro lado, na importação compartilhada, a carga vai para o armazém. Depois disso, carregada no contêiner juntamente com as mercadorias de outros importadores.
Entretanto, com a escassez de contêineres disponíveis, as cargas acabam tendo que ficar mais tempo no armazém. Outro efeito disso é que esses lugares acabam ficando lotados, com dificuldade de receber novas mercadorias. Assim, resultando em uma corrida para encontrar novos espaços para alocar as cargas que vão chegando.
Além disso, a China é bastante rigorosa quando o assunto é a proteção sanitária de sua população. Um exemplo disso é o fechamento de um terminal inteiro do porto de Ningbo em meados de agosto. Um único caso suspeito de Covid-19 na região motivou essa decisão dos chineses.
As situações em que navios foram desviados da rota devido a suspeita de covid na tripulação também contribuem para o cenário de atrasos e falta de espaços nos armazém. E, também refletem na disponibilidade de contêineres para serem carregados nos portos.
Pois é, não tá fácil!
Custo do Frete na Estratosfera
Muitos navios regressam dos portos sem estarem com sua capacidade total preenchida. Os armadores tem decidido reduzir o tempo para que os embarcações carreguem contêineres vazios, com o objetivo de honrar prazos contratados com clientes.
As empresas de frete marítimo ao perceber o custo vantajoso do frete, preferem colocar o navio para rodar o maior número de rotas possíveis. Sim, alguém está ganhando com a alta do frete! E, não para por aí.
Elas optam ainda por fazer rotas mais lucrativas. Dessa maneira, preferem navegar entre Ásia, Europa e Estados Unidos. Com isso, países como o Brasil tem menor disponibilidade de navios e contêineres.
Esse quadro é potencialmente danoso para os exportadores brasileiros. Entretanto, afetam mercadorias que precisam de insumos importados da China, por exemplo, fazendo com que o aumento do custo seja repassando ao consumidor.
O Gráfico abaixo mostra a escalada de preços nos contêineres operados pela China Gate, no nosso serviço Importação Digital.
No gráfico, é possível ver que os três primeiros contêineres foram operados com frente perto de US$ 2 mil, isso próximo ao lançamento do serviço, em 2020. Por outro lado, o contêiner 26, fechado em setembro de 2021, apresentou custo perto de US$ 16 mil.
O Preço do Frete para Importar da China para o Brasil vai Baixar?
O Feriado de Golden Week, quando a China para por sete dias, deve contribuir para a piora do cenário atual.
Os armadores apontam que os resultados do feriado serão sentidos por até 40 dias. O Golden Week vai do dia 1/10 a 8/10.
Além disso, as compras de fim de ano colocam ainda mais pressão sobre o transporte marítimo de cargas e produtos. E, isso ao ponto de importadores brasileiros receberem suas mercadorias com atraso.
Dessa forma, é possível que muitos importadores não recebam suas mercadorias a tempo. Com isso, consumidores podem ter dificuldade para encontrar determinados produtos.
Outro ponto importante para análise é sobre a construção de mais navios e entrega de novos contêineres a partir de 2022 e 2023. Entretanto, a situação não deve voltar as padrões pré-pandemia. Sendo que a tendência de manutenção dos preços segue até o ano novo chinês, ou seja, início de fevereiro de 2022.
Além disso, temos a valorização do Dólar frente ao Real, cenário também que não deve se alterar no curto prazo. E, que acende um alerta na economia de todo planeta.
A Posição do Brasil no Comércio Internacional
Na prática, o Brasil ocupa uma posição bastante sensível no comércio exterior, deixando o país em vulnerabilidade em relação ao oferta de serviços e preços dos mesmos.
No comércio com a China, os asiáticos mandam muito mais produtos em contêineres do que nós exportamos para eles. E isso entra na questão do desequilíbrio apontado anteriormente, fazendo com as empresas de frete marítimo prefira operar em rotas mais lucrativas.
O quadro ainda piora se os armadores começam a perceber se as unidades demorar mais tempo para serem esvaziadas e liberadas.
Isso traz um grande problema paras as empresas brasileiras, tanto importadoras como exportadoras. Com empresas não conseguindo desenvolver suas operações no comércio exterior. No caso da importação, empresários precisam repassar os custos para o consumidor, o que pode comprometer as vendas.
A situação é tão delicada que motivou iniciativas de diversos setores econômicos junto ao governo, na tentativa de amenizar as perdas com frete.
Então, a crise do frete marítimo impacta na importação em dois fatores, aumento de custos e do tempo de transporte para importar da China para o Brasil. Então, teremos que a lei de oferta e demanda vai continuar ditando os preços no transporte marítimo.
A situação pede bastante atenção dos importadores. Por outro lado, sem dúvida alguma ainda vale a pena importar da China.